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Cacau avança no Matopiba e se destaca como cultura estratégica para economia, clima e renda rural
Quinta-Feira, 24 de Julho de 2025

O crescimento do cultivo de cacau no Oeste da Bahia, região que integra o Matopiba – fronteira agrícola formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – representa uma importante mudança no panorama agrícola brasileiro. Em 2023, o Matopiba foi responsável por 50% da produção nacional de cacau, com a Bahia liderando com 46,9% do total, o que corresponde a mais de 139 mil toneladas processadas, consolidando o Oeste baiano como o coração do cacau brasileiro.

Embora diferente do tradicional sistema de cultivo cabruca, onde o cacau cresce sob a sombra da Mata Atlântica, os produtores do Oeste baiano têm investido em sistemas de pleno sol, muitas vezes com irrigação tecnificada, adaptados à realidade do cerrado e dos solos locais. Essa mudança permite maior controle produtivo e escala, embora ainda dependa de manejo cuidadoso para preservar a qualidade do solo e mitigar impactos ambientais.

Economia e inclusão social

O cacau apresenta vantagens econômicas expressivas. Segundo dados da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), cerca de 95% da amêndoa processada no Brasil passa por grandes indústrias que valorizam a qualidade e sustentabilidade do produto nacional. A cultura perene garante renda contínua e empregos permanentes, importantes para fixar a população no campo, especialmente em regiões rurais com poucos investimentos.

Além disso, o cacau tem menor volatilidade em relação a culturas como soja, milho e algodão, cuja produção sofre maior influência de variações climáticas e de mercado. A cadeia produtiva do cacau também fomenta atividades complementares, como o turismo rural e a produção artesanal de chocolates finos, que vêm ganhando espaço no mercado nacional e internacional.

Sustentabilidade e créditos de carbono


Em tempos de preocupação crescente com as mudanças climáticas, o cacau apresenta potencial relevante na geração de créditos de carbono. A cultura, por ser perene e com sistema radicular profundo, contribui para a fixação de carbono no solo, principalmente quando associada a práticas regenerativas e agroflorestais.

De acordo com especialistas da Embrapa e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), práticas como plantio direto, cobertura do solo, uso de culturas complementares (braquiária, leguminosas) e manejo orgânico podem aumentar a capacidade de sequestro de carbono, tornando o cacau uma alternativa estratégica para produtores interessados no mercado voluntário e regulado de carbono, que cresce globalmente.

Estimativas indicam que sistemas de cacau em agrofloresta podem capturar de 5 a 15 toneladas de CO₂ equivalente por hectare ao ano, enquanto sistemas a pleno sol, com manejo adequado, alcançam de 3 a 7 toneladas. Para um produtor médio com 10 hectares, isso significa potencial para sequestrar até 50 toneladas de CO₂ anualmente.

Considerando que o preço médio de créditos de carbono varia entre US$ 5 e US$ 15 por tonelada, com uma média conservadora de US$ 10, a receita extra pode chegar a cerca de US$ 500 por ano para essa área, um valor que, embora complementar, representa um importante incentivo econômico e diferencial competitivo para o produtor.

Esse potencial financeiro se torna ainda mais expressivo em propriedades maiores, como as que se desenvolvem no Oeste da Bahia, onde projetos com centenas ou milhares de hectares ampliam significativamente a geração de créditos.

Para concretizar esses ganhos, é fundamental o acesso a certificações reconhecidas (como Verified Carbon Standard e Gold Standard) e o uso de tecnologias digitais para monitoramento, garantindo transparência e credibilidade no mercado.

Assim, o cacau se posiciona não só como fonte de renda agrícola, mas também como agente de mitigação climática, contribuindo para a sustentabilidade ambiental, social e econômica das regiões produtoras.

O cacau e o desafio da expansão sustentável

Enquanto culturas como soja, milho e algodão dominam a fronteira agrícola do Matopiba, com alta mecanização, uso intensivo de fertilizantes e defensivos, o cacau oferece um modelo que pode equilibrar produção e conservação ambiental, mesmo em sistemas a pleno sol.

Além disso, o cacau exige menor consumo hídrico quando manejado com irrigação eficiente, e sua implantação pode recuperar áreas degradadas, contribuindo para a melhoria da qualidade do solo e da biodiversidade local.

Como um produtor brasileiro está construindo a maior fazenda de cacau do mundo

O produtor Moisés Schmidt, da Schmidt Agrícola, em Barreiras, lidera um projeto inovador e ambicioso para transformar o Brasil em protagonista mundial do cacau. Após viagem por países africanos – Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Senegal — que dominam cerca de 60% da produção mundial, Schmidt aposta na tecnologia nacional para enfrentar o déficit global da commodity.

Com 35 mil hectares cultivados em diversas culturas, a família Schmidt dedica 10 mil hectares para o cultivo de cacau, o que poderá configurar a maior fazenda de cacau do mundo. A empresa já investiu R$ 200 mil por hectare em tecnologias como irrigação por microaspersão, manejo de precisão e viveiros de mudas que produzem atualmente 3,5 milhões de mudas por ano.
Segundo a International Cocoa Organization (ICCO), o mercado global consome hoje cerca de 5 milhões de toneladas de cacau ao ano, com previsão de aumento para até 10 milhões até 2050, evidenciando a necessidade de ampliação da produção com qualidade e sustentabilidade.

O preço do cacau tem apresentado forte volatilidade, chegando a quase US$ 13 mil por tonelada em 2024, motivado por queda na produção africana devido a problemas climáticos e sanitários. A nova fazenda de Schmidt visa garantir estabilidade, volume e sustentabilidade para atender à crescente demanda, além de incentivar outros produtores da região — já são cerca de 30 com mais de 700 hectares em implantação.

A parceria da Schmidt Agrícola com instituições como a Ceplac e a Embrapa fortalece o desenvolvimento tecnológico e adapta o modelo produtivo para maximizar produtividade e reduzir impactos ambientais, consolidando o Oeste da Bahia como um polo de referência nacional e internacional na cacauicultura.

Outras fontes 

Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) – informações sobre o processamento e o mercado do cacau no Brasil
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) – panorama da cacauicultura brasileira, aspectos econômicos e sociais
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Produção Agrícola Municipal (PAM), dados sobre produção e impacto econômico
Embrapa – estudo sobre impactos socioeconômicos do cacau no Brasil

 

FONTE: casodepolitica.com  
 
 

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