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‘Não tinha fogo aqui, veio de uma vez. É um pavor’, diz índio sobre queimadas
Domingo, 25 de Agosto de 2019

Os olhos de Antônio Enésio Tenharin estão desfocados, sem destino certo. Em cima das cinzas que encobrem os campos amazônicos, como é conhecida a área plana da terra indígena que ele lidera, Tenharin só enxerga um deserto morto. O horizonte é uma fumaça e, por trás dele, fogo. “Olha o que fizeram”, diz o índio. “Para que tudo isso? Por quê?” Os parques amazônicos desenham uma linha plana na terra indígena ocupada há séculos pelo povo tenharin. Os indígenas que habitam a região sul do Estado do Amazonas achavam, até a noite passada, que estavam livres do fogo. Vinham fiscalizando toda a área como podiam, percorrendo as terras. Monitoravam e trocavam informações com a equipe de fiscalização do Ibama e do Instituto Chico Mendes. À noite, em televisões e celulares, ficavam assombrados com as notícias que percorrem o mundo, mostrando a floresta. Agora, estão dentro da catástrofe. Os índios tenharins vivem numa área da Amazônia onde o desmatamento ilegal e a grilagem de terras afloram a olho nu, um cinturão verde onde o fogo “brota do nada”, no meio da floresta virgem. Com os ventos fortes, as labaredas avançam de forma descontrolada – sem que consigamos detectar os autores do fogo. “Cuidamos dessa terra, do nosso território. Até hoje, o fogo não tinha entrado. Mas agora veio de uma vez, em vários lugares. É um pavor para o nosso povo, porque faz nossas crianças ficarem doentes, mata os animais, só traz coisa ruim”, diz Tenharin, sentado sobre um monte de terra, no meio do chão preto. A nuvem de fumaça que encobre a terra indígena avança pelos municípios amazônicos de Manicoré e Humaitá, segue para Porto Velho, em Rondônia, a 350 quilômetros de distância, e dali em diante. Na Amazônia, o dia é branco. Os quase 3 mil indígenas tenharins que vivem na região estão em alerta. Durante o dia, a força da labareda, somada ao calor da Amazônia, não permite nenhuma aproximação. Para além de 30 metros de distância, qualquer aproximação maior é impossível. Nem mesmo os brigadistas conseguem trabalhar. À noite, quando a umidade aumenta e o calor diminui, é a hora de “ir para o combate”.

 

FONTE: www.politicalivre.com.br  
 
 

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